segunda-feira, 23 de julho de 2012

América foi inicialmente povoada por 3 ondas migratórias da Ásia


Os primeiros habitantes da América chegaram ao continente há mais de 15 mil anos procedentes da Ásia em três ondas migratórias, segundo o estudo de uma equipe internacional de cientistas publicado nesta última quarta-feira, 11, pela revista Nature.
Durante anos se debateu se os habitantes da América procediam de uma ou mais migrações - Wikimedia Commons/Reprodução
Wikimedia Commons/Reprodução
Durante anos se debateu se os habitantes da América procediam de uma ou mais migrações
O estudo do genoma de uma ampla seleção de tribos indígenas americanas, do Canadá à Terra do Fogo, demonstra que a população procede de pelo menos três ondas migratórias de habitantes asiáticos que teria chegado ao novo continente através do Estreito de Bering, na Sibéria.
Durante as épocas geleiras - há mais de 15 mil anos -, o Estreito permaneceu congelado e serviu como ponte entre os dois continentes.
Embora os analistas calculem que tenham ocorrido pelo menos três grandes migrações, a maioria das tribos descende da primeira delas, conhecida como os "Primeiros Americanos", já que as outras duas se limitaram à América do Norte.
"Durante anos se debateu se os habitantes da América procediam de uma ou mais migrações através da Sibéria, mas nossa pesquisa põe fim a este dilema: os nativos americanos não procedem de uma só migração", ressaltou à Agência Efe o cientista colombiano Andrés Ruiz-Linares, do University College de Londres, e autor principal do estudo.
Trata-se da maior pesquisa genética de nativos americanos até o momento, e nela os cientistas analisaram mais de 364 mil variações genéticas, detectadas no DNA de 52 tribos indígenas americanas e de 17 grupos siberianos.
A análise foi dificultada pela presença de material genético procedente de migrações posteriores, principalmente dos europeus e africanos que chegaram à América a partir de 1492. Por isso, os pesquisadores se centraram apenas nas seções do genoma que procediam totalmente dos nativos americanos.
"Tecnicamente, o estudo dos povos nativos americanos representa todo um desafio devido à presença generalizada de traços europeus e africanos nos grupos nativos", indicou Ruiz-Linares.
A primeira onda migratória - os "Primeiros Americanos" - teriam se deparado com um continente desabitado, e se estenderam em direção sul seguindo a costa do Pacífico e deixando povoações em sua passagem, um processo que teria durado cerca de mil anos e cujas linhagens podem ser rastreadas do presente.
No entanto, o DNA de quatro tribos da América do Norte demonstra que houve pelo menos duas outras ondas migratórias: a segunda percorreu a costa do Ártico até a Groenlândia, e a terceira se dirigiu rumo às Montanhas Rochosas.
Essas duas levas de imigrantes teriam sido protagonizadas por indivíduos mais próximos à etnia "han", predominante na China, do que os "Primeiros Americanos".
Ao avaliar o material genético da tribo dos "aleútes" e dos "inuítes", habitantes do leste e oeste da Groenlândia, os pesquisadores constataram que metade de seu DNA procedia dos integrantes da segunda migração.
No caso dos membros da tribo canadense "chipewyan", que viviam entre as Montanhas Rochosas e a baía de Hudson, os especialistas descobriram que tinham 10% do material genético em comum com os protagonistas da terceira leva migratória.
O DNA dessas quatro tribos nortistas - "aleútes "; "inuítes" do leste; "inuítes" do oeste; e "chipewyan" - contém material das três ondas migratórias, mas a maior parte corresponde à primeira. Isso significa que os habitantes asiáticos da segunda e terceira ondas teriam se relacionado com os primeiros que chegaram à América.
Segundo Ruiz-Linares, isso fica demonstrado pela menor diversidade genética dos nativos da América do Sul, cujo DNA é mais próximo ao dos "Primeiros Americanos".
"Haveria uma relativa homogeneidade genética dos nativos desde México até o sul do continente, todos derivariam da mesma corrente migratória da Ásia", explicou Ruiz-Linares.
"O povoamento do México rumo ao sul teria sido relativamente simples, com poucas misturas após a separação dos povos (até a chegada dos europeus em 1492)", acrescentou o pesquisador. 

domingo, 30 de outubro de 2011

Terra, território e colonização

A questão da relação entre tempo e espaço no estudo da história é das mais significativas, pois durante muito tempo os estudos históricos tomaram as referências espaciais como dados estabelecidos a priori na delimitação de determinados campos de estudo, geralmente as balizas dos Estados nacionais, sem problematizar devidamente as questões de formação territorial, disputas em torno do controle da terra por diferentes agrupamentos humanos em tempos diversos.

A criação desse blog, tem como escopo possibilitar a discussão de temas que levem em consideração as diversas relação entre sociedades e territorialidades, enfocando questões como processos de territorialização, movimentos de populações, conflitos em torno da apropriação do território, relações de poder, entre outras.

No que diz respeito especificamente ao território brasileiro, estaremos atentos aos processos de conformação territorial, estabelecimento de fronteiras, conflitos entre populações diversas, transcendendo a ideia da expansão da colonização sobre o território visto como um espaço "vazio" e discutindo as diferentes formas historicamente estabelecidas de apropriação do território e os conflitos delas decorrentes.